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DESPERTAR ESPIRITUAL: UM RELATO DA TRANSIÇÃO ALÉM DA VIDA

Atualizado: 9 de fev.

Confuso e assustado, minhas primeiras palavras no plano espiritual foram: "O que está acontecendo? Onde estou?". No começo, pensei que fosse um sonho, mas logo percebi que algo sério havia acontecido. Eu não estava mais vivo, mas também não estava morto. É estranho demais entender que você morreu, mas ainda se sente vivo. É difícil explicar o que eu estava sentindo, uma mistura de emoções confusas e medo.



A sensação de doença ainda persistia em mim. Respirar era uma tarefa árdua, e o cansaço era avassalador, como nos meus últimos dias na Terra. O enfisema pulmonar, fruto de anos de sedentarismo e do vício em cigarros, castigava meu corpo.


Mesmo após o diagnóstico médico e o conselho de parar imediatamente de fumar, eu não consegui. Era como se o cigarro fosse parte de mim, uma necessidade que eu não conseguia controlar. Preferi enfrentar a morte fumando, aceitando as consequências das minhas escolhas.


Quando despertei no plano espiritual, fui recebido no umbral como um suicida. Essa era a verdade que eu precisava encarar. Eu havia chegado lá por minha própria decisão, mesmo que inconsciente.

Quando persistimos em hábitos prejudiciais que nos adoecem, estamos nos matando aos poucos. Não é diferente daquele que, num momento de impulso, decide tirar a própria vida.


Enquanto ele age repentinamente, eu fui degradando meu corpo aos poucos, plenamente ciente das consequências dos meus atos, que inevitavelmente levariam à morte.


Quando acordei do outro lado, estava atordoado e confuso, sem saber o que fazer ou onde estava. Para mim, aquele lugar lembrava o purgatório, conforme ensinado na religião em que fui criado. Era escuro, frio, denso e assustador. Assim que despertei, ouvi gritos de dor e agonia dos recém-chegados, que ficavam desesperados ao perceber onde estavam. Os gritos eram penetrantes e angustiantes. É difícil expressar o sofrimento daqueles espíritos que, antes céticos, despertavam naquele lugar sombrio de tormento.


Meu despertar foi gradual; acho que em alguns momentos abri e fechei os olhos sem conseguir ficar completamente acordado. Pensava que estava sonhando, mas ao acordar de verdade, percebi toda a cena de dor à minha volta e compreendi que minha vida tinha chegado ao fim. Estava em um ambiente de sofrimento, acreditando que era uma punição divina pelos meus pecados.


Passei semanas, talvez meses, naquele mesmo lugar. Ficava sentado, às vezes em pé, mas sem cogitar sair dali. Primeiro, porque não sabia para onde ir; segundo, porque estava apavorado com as outras pessoas. Os gritos de dor e sofrimento me arrepiavam e causavam um medo profundo. Sentia uma vontade avassaladora de fumar.


Mesmo estando desencarnado, sofria muito por não poder satisfazer esse desejo. Isso me levava a ter alucinações e eu até chegava a enxergar cigarros no chão, mas eram apenas ilusões. Meu espírito deixou o corpo de carne intoxicado pelo meu vício.

Em um certo dia, avistei um homem ao longe, suplicando o perdão de Deus. Ele estava de joelhos, erguendo as mãos em direção ao céu escuro e nublado, implorando pela Sua misericórdia e pedindo para ser retirado dali. Chorei copiosamente ao presenciar aquela cena, mas não conseguia acreditar que tal perdão fosse possível. De acordo com o que eu havia aprendido, não existia perdão para aqueles que eram enviados para o inferno.

No entanto, em meio à escuridão, uma luz brilhou intensamente. Era tão clara e resplandecente que eu mal podia olhar, ofuscando minha visão. Mas quando ela se dissipou, o homem que anteriormente suplicava com todo o seu coração havia desaparecido.


Era como se ele tivesse sido levado repentinamente. Fiquei profundamente impressionado e refleti sobre aquilo por um longo período. Não há como medir tal experiência. Lá, o tempo segue um ritmo diferente do tempo na Terra. É sempre noite, e não podemos contar as horas.


Enfrentando grande sofrimento naquele lugar, sentindo dores e sendo assediado por espíritos sombrios, cheguei ao ponto de refletir sobre minhas próprias ações.


Não fui um filho exemplar, não construí uma família, estava envolvido com vícios em cigarro, álcool e jogos. Minha vida foi marcada pela falta de realizações. Concluí que o desfecho que enfrentava era justo, reconhecendo que merecia cada momento de sofrimento como uma forma de justiça divina.


Depois de aceitar essa realidade, comecei a sentir uma melhora significativa e uma disposição renovada. Era como se minha enfermidade estivesse sendo gradualmente curada. As manchas escuras em meu peito foram clareando e minha respiração melhorando.


Eu já conseguia ficar de pé e caminhar um pouco. Explorei aquele lugar e encontrei outros espíritos que também sofriam. Alguns aceitavam sua situação e se culpavam, enquanto outros culpavam a Deus, a vida e os outros, mas não a si mesmos.


Um dia, enquanto passava por um homem que gemia e suplicava por ajuda, pedindo perdão por suas faltas, agachei-me ao seu lado e segurei sua mão em silêncio. Sentia sua energia e vibração, ele parecia estar genuinamente consciente e arrependido, apesar do medo. Naquele instante, vi novamente aquela luz retornando, descendo do céu em direção a ele.


Quando ela se aproximou, não consegui mais ver, apenas abri os olhos quando a luz diminuiu. Notei um homem bem vestido, com roupas claras, acompanhado de uma senhora com um sorriso acolhedor e amoroso. Eles estavam lá para resgatar aquele homem que clamava por ajuda. Decidi me afastar e soltar suas mãos emocionado e em silêncio.

O homem o levantou nos braços e os dois se voltaram para mim, que mal conseguia encará-los.


A senhora, com amor no coração e muita compaixão, aproximou-se de mim e me convidou a acompanhá-los. Instantaneamente, caí de joelhos, começando a chorar, e disse que não me sentia digno da bondade de Deus. Ela respondeu que naquele momento não era para eu me sentir assim, pois se estava sendo convidado a deixar aquele lugar, era porque chegara minha hora e eu estava pronto para seguir em frente. Ergueu-me do chão, segurando minhas mãos, abraçou-me e, chorando convulsivamente, adormeci.


Quando acordei novamente, percebi que estava em um lugar diferente. Parecia um quarto de pousada simples, porém muito bonito. Havia flores e água ao meu redor, e eu estava deitado em uma cama limpa e confortável. Já não vestia mais as mesmas roupas e estava limpo. Minha respiração voltou ao normal, como antes da doença. Sem dor, meu alívio foi imenso, e respirei profundamente, cheio de gratidão e alegria, e novamente as lágrimas inundaram meus olhos.


Entendi depois tudo o que havia acontecido comigo e como ocorreu o meu resgate. Hoje, trabalho também resgatando espíritos que passam por situações como a minha e faço palestras sobre os males do vício. Muitas vezes, vou até associações terrenas que cuidam de ex-viciados, para transmitir bons pensamentos, força e esclarecimento. Minha dedicação é total para iluminar a mente das pessoas contra o suicídio involuntário.


Sou grato a Deus e aos que me auxiliaram. Espero continuar sendo um servo de Deus e da espiritualidade, trabalhando em prol dos ignorantes e dos mais necessitados, para que a humanidade avance e possamos evoluir como coletivo.


A vida deve ser vivida em sua plenitude, desfrutada e experimentada, mas os excessos acabam por minar nossa saúde física, o que nos impede de vivenciar plenamente a existência material. Quando isso ocorre, nossa transição após a morte é marcada por dor e sofrimento.

Que todos vocês que habitam a Terra possam despertar para a importância do cuidado e valorização do corpo físico. Este presente divino da natureza nos serve como um veículo transitório na jornada em busca da ascensão espiritual.


Tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém. Não prejudique nem sobrecarregue seu corpo por causa de vícios ou prazeres. É essencial agir de maneira consciente, respeitando os limites do seu corpo, para desfrutar de uma vida longa e cumprir sua missão e propósito com determinação.

O homem que abrevia sua própria vida devido aos excessos está, na verdade, cavando sua própria sepultura. Um dia, além de enfrentar o sofrimento nesta vida terrena, também enfrentará tormentos no plano espiritual.


Pense nisso hoje! Não espere ficar doente ou passar pelo que eu passei para compreender a importância de cuidarmos de nós mesmos e de nosso corpo desde já. Seja fiel a si mesmo e aos seus propósitos, lembrando que tudo em excesso faz mal, mesmo aquilo que proporciona um prazer momentâneo intenso. Lembre-se sempre de encontrar o equilíbrio e a moderação em todas as áreas de sua vida, pois é dessa forma que garantimos uma existência mais plena e saudável.

 

NAVEGANTES DA ESPIRITUALIDADE.

(Relato Espiritual)

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