Orgulho: a Muralha Invisível da Alma
- João Ribeiro
- 2 de out.
- 2 min de leitura
O orgulho costuma ser visto como força, como defesa contra aquilo que ameaça. Mas, na realidade, ele é apenas uma muralha invisível. Uma barreira que não protege, apenas aprisiona. Quem ergue o peito e fecha o coração diante do sagrado acredita estar no controle, mas apenas repete a mesma mentira a si mesmo: a de que pode silenciar o chamado interior.

A espiritualidade, porém, não exige fé cega nem entrega absoluta. Ela pede apenas um passo. E esse passo não precisa nascer da pureza: pode vir da raiva, da desconfiança, do cansaço, da curiosidade ou da necessidade. O movimento importa mais que o motivo. Até quem se aproxima para negar já está, de alguma forma, respondendo ao convite da vida.
Quem persegue o que não entende acredita estar atacando o outro, mas na verdade está fugindo de si mesmo. A intolerância é sempre a máscara do medo. O perseguidor pensa ser caçador, mas invariavelmente é prisioneiro de sua própria sombra.
E, ainda assim, até a perseguição carrega uma semente de aprendizado. Por mais que alguém corra para longe, existe um fio invisível puxado pelo destino. Esse fio sempre reconduz ao ponto em que a lição precisa ser aprendida. Porque não se foge para sempre de si mesmo: mais cedo ou mais tarde, a vida nos coloca diante do espelho.
O caminho espiritual não se trata de fórmulas prontas nem de certezas absolutas. É, antes de tudo, um convite à honestidade. Um chamado para abrir uma fresta, ainda que pequena, onde a luz possa entrar. O orgulho endurece e fecha. A humildade, ao contrário, abre e liberta.
A espiritualidade não pede que sejamos perfeitos. Pede apenas que sejamos verdadeiros. Que reconheçamos nossos limites, nossos medos, nossos erros. É nesse reconhecimento que o coração se suaviza e encontra espaço para algo maior.
Cada passo dado nessa jornada — mesmo os passos vacilantes e contraditórios — tem valor. O tropeço também ensina. O recuo também revela. A vida não exige pressa, apenas movimento.
E quando, após tantas tentativas, a muralha do orgulho começa a se desfazer, descobrimos algo simples e profundo: nunca estivemos sozinhos. O sagrado, que tantas vezes julgamos distante, sempre esteve dentro de nós, aguardando apenas a coragem de ser reconhecido.
O orgulho aprisiona. A entrega liberta. E no instante em que aceitamos dar esse passo, por menor que seja, o caminho se abre diante de nós. João Ribeiro - Pai Joaquim
Com certeza querido 🙏
Muito bom meu amigo