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SERVIR A DEUS OU AO DINHEIRO

Em minha última experiência de vida terrena, há pouco tempo, fui um conhecido sacerdote, venerado e admirado em minha pequena cidade.

Meu templo vivia cheio de fiéis, pois eu pregava muito bem as palavras contidas no evangelho de Jesus.


Tinha muito conhecimento bíblico e adorava dissertar sobre o assunto.

Meus fiéis adoravam me ouvir. Tinha pregação 3 vezes por semana e o templo estava sempre lotado.


A energia que inundava aquela casa religiosa era maravilhosa e contagiante, não por mérito meu, mas sim, pela fé que aquelas pessoas tinham em mim e nas minhas falas.


Diversas curas aconteceram naquele lugar. Muitos ainda se lembram de mim e são muito gratos pelo que acham que eu fiz.


O problema é que não foi eu. Tenho sim meus méritos pelos acontecimentos e pelos chamados milagres, mas com certeza, não fui o responsável.


Sempre existiu uma grande conspiração espiritual e os que tinham fé e merecimento, através das minhas palavras se elevavam, alcançavam as curas e muitos pedidos eram atendidos.


Eu como sacerdote, para muitos, era um santo e isso muito me envaidecia. Me colocava, muitas vezes nessa situação, mesmo com uma falsa modéstia.


O tempo foi passando e meu nome foi ficando famoso por todas as realizações que rodavam na boca dos fiéis, levando de um lado para outro e para muitos que nem me conheciam.


Recebia muitas ofertas, muitas doações de roupas e mantimentos, mas o que me agradavam eram as boas doações em dinheiro, dos fiéis mais abastados e generosos.


Tudo que eu recebia de mantimento e roupas eu repassava com o auxilio e a organização de diversos voluntários aos mais necessitados, mas o dinheiro, quem tomava conta era eu mesmo.


Uma parte eu destinava para reformas e estruturas do templo, pois queria vê-lo bonito, confortável e chique, na intenção de atender cada vez mais a alta sociedade, pois sabia que dali viriam as melhores doações.


Teve uma época que eu até separei os primeiros lugares do templo, os mais próximos do altar, para os maiores doadores de dinheiro e isso os envaidecia também, pois todos sabiam, que os primeiros bancos eram reservados aos que bancavam tudo.


Dizia seus nomes em agradecimento e todos tomavam conhecimento. Fui atraindo cada vez mais esse público e afastando os fiéis que estavam ali para somente praticarem a fé, sem segundas intenções e que não tinham dinheiro para doar.


Essas pessoas começaram a se sentir desconfortáveis no meu templo e começaram a migrar para outros, inclusive os que trabalhavam como voluntários eu fui perdendo.


Mas, sinceramente, à época, nem liguei, pois queria mesmo os mais ricos e famosos perto de mim, pois eles me dariam a vida de luxo que eu sempre quis ter.

Este foi o meu maior pecado.


Eu sonhava poder ter dinheiro para fazer tudo, suprir minhas necessidades mais fúteis e bancar minhas vaidades.


Grande engano acreditar que isso era ser feliz.


No meu auge, quando eu estava com muito dinheiro e agradando a alta sociedade com minhas pregações que prometiam prosperidade a todos e maior há quem mais doasse, fui surpreendido com uma doença terminal.


Fiquei extremamente desnorteado com o diagnóstico dado por um médico amigo, um dos que, inclusive, fazia grandes doações.


Perguntei se existia algo que eu pudesse fazer ou pagar para alcançar a cura e a resposta foi que não tinha mais nenhuma possibilidade, estava muito avançada e que em pouco tempo, eu deitaria na caixa de madeira.


Como sofri. Roguei à DEUS com todas as minhas forças, mas eu estava tão afastado Dele, que minhas súplicas não foram atendidas.


No momento derradeiro, já sem forças para balbuciar palavras, veio um outro sacerdote amigo e rezou comigo, afim de que eu partisse com o coração livre de quaisquer sentimentos negativos para junto de DEUS, mas eu sabia que era impossível, pois após sofrer com tanta dor, eu entendi o motivo do sofrimento.


Eu havia me afastado de Deus, me afastei do caminho que me levaria a cumprir minha missão, para caminhar por caminhos que me levariam a perdição e antes que eu pudesse piorar minha situação, Deus resolveu me tirar de cena.


Desencarnei e acordei em um lugar de choro e ranger de dentes. O lugar era tão escuro, frio e tenebroso, que eu tinha certeza que estava no inferno.


O sofrimento era comum ali, todos sofriam muito e seus rostos demonstravam uma desesperança que me assombrava.


Pensava, meu Deus, estou no inferno e mereço isso, pois sei que me perdi na ganância, na minha vaidade, no meu egoísmo e no meu orgulho, mas se existe perdão para um homem errante como eu, peço que me perdoe.


Eu aprendi com meu erro e não queria mais sofrer naquele lugar horrível.


Em poucos momentos de silêncio, ouvia sussurros ao meu redor, mas não era nada perturbador, muito pelo contrário, em muitos momentos eu ouvia as preces das pessoas que acreditavam que eu era uma boa pessoa e estavam rogando a Deus por mim.


Ouvia suas preces e sentia a gratidão em suas palavras, demonstrando que por mais que eu tivesse vestido uma mascará e enganado muitas pessoas, mesmo que sem ter a intenção plena, auxiliei muitos com meus conhecimentos da palavra e minhas pregações que elevavam a fé das pessoas.


Fiquei um bom tempo naquele lugar, não é possível mensurar, mas foi um tempo muito valioso de aprendizado e aceitação.


Quando realmente entendi o significado do amor de Deus, percebi que não era Ele que precisava me perdoar, diferente do que eu havia aprendido e ensinado durante minha vida sacerdotal, era eu quem precisava refletir, entender, compreender, perdoar os meus próprios erros e as minhas falhas.


Rezei com uma força que nem eu mesmo sabia que tinha, a oração brotava do fundo do meu ser, demonstrando a Deus que eu havia entendido tudo e que estava completamente arrependido do que fiz, pedindo por uma oportunidade de ser socorrido pelos anjos iluminados que de vez em quando, apareciam por ali e levavam um ou outro que já estava apto a ser socorrido.


Naquele instante, uma luz branca e ofuscante se acendeu a minha frente e um irmão, velho conhecido do sacerdócio, apareceu a minha frente, estendendo as mãos.


Fiquei extremamente envergonhado quando o reconheci, mas necessitando muito do auxílio, baixei minha cabeça e levantei as minhas para que pudesse segurar as dele.


No mesmo instante, notando meu constrangimento, ele disse para eu ficar tranquilo, pois havia chegado o meu momento tão esperado de ser socorrido e que ninguém estava ali para me julgar.


Me senti mais confortável e segui com ele para um lugar maravilhoso e infinitamente melhor do que eu estava.


Eles me explicaram que aquele lugar não era o inferno como o pregado por algumas religiões terrenas, mas um lugar criado mentalmente por pessoas que se sentem culpadas por seus erros e que era somente uma faixa vibracional onde os espíritos afins se encontram.


Não entendi muito bem, pois não tinha conhecimento de nada do que ele estava falando, mas fiquei muito feliz e grato pelo socorro recebido.


Desta vida e de tudo que narrei, tirei uma lição muito importante, uma que até cheguei a pregar algumas vezes aos meus fiéis, que não se pode servir a Deus e a Mamom.


Eu havia escolhido ser um servo de Deus, busquei conhecimento, me determinei a ser um sacerdote e Deus confiando em mim, abriu as portas e cuidou do meu caminho para que eu pudesse assumir a posição que tanto almejava, mas diante das facilidades que encontrei, das proezas realizadas por Deus, para que eu pudesse me destacar, sucumbi ante minhas fraquezas e me deixei levar pela porta larga, a porta da perdição.


Que você que está lendo este relato, aprenda com o meu erro. Não é que você não possa viver os prazeres da matéria, trabalhar e ganhar seu dinheiro, por mais que seu trabalho te dê muito dinheiro e muitas oportunidades, o que você deve aprender é empregar melhor essa energia, fazer bom uso dessa graça concedida por Deus, praticar o amor e a caridade, auxiliar o próximo e não se tornar um egoísta materialista como eu me tornei.


Eu já não era mais um sacerdote de Deus, mas sim um sacerdote que servia a Mamom, pregando, não para ensinar ou salvar almas, mas para receber cada vez mais doações, sempre com segundas intenções, pois cada orientação que eu dava, era na intenção de conquistar os mais abastados, para que futuramente, pudessem me dar mais dinheiro e por isso a minha vida terminou como narrei.


Sofri e chorei, mas me perdoei e aprendi.


Espero fazer diferente na próxima oportunidade, independente do que eu tenha que passar, serei diferente e buscarei, desta vez, fazer diferença na vida das pessoas, pois o dinheiro que eu ganhei fazendo o errado ficou na terra, mas as lembranças e as benditas preces das pessoas que auxiliei, ressoam em meus ouvidos até hoje e para essas pessoas eu me mantenho vivo em seus corações e em suas lembranças e, com certeza, isso é o mais importante.


NAVEGANTES DA ESPIRITUALIDADE

(Relato Espiritual)

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