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O MÉDICO DOS RICOS

Por volta do ano de 1930 eu já era um médico muito renomado, beirando os 50 anos e tinha uma linda família, composta por uma esposa e duas filhas, uma com 30 e uma com 25 anos.


As duas seguiram minha carreira e escolheram ser médicas.

Minha alegria foi intensa e o orgulho não cabia no peito.


Eu praticava a medicina com muito entusiasmo, amava o que fazia e era um excelente profissional.

Entendia de tudo um pouco, e sabia utilizar e mesclar bem a parca medicação da época, alcançando bons resultados e ficando conhecido por isso.


O maior problema é que sempre fui um homem muito materialista, não seguia nenhum tipo de religião, não acreditava nas histórias do cristo e muito menos de qualquer outra ordem.


Acreditava sim que existia algo maior, mas que fugia minha compreensão e eu escolhi não buscar entender.


Neste viés, eu não me importava com as pessoas, mas sim com os resultados dos meus tratamentos, do reconhecimento dos meus pacientes, do sucesso, notoriedade e do dinheiro que eu ganhava, capaz de suprir as necessidades das minhas filhas e esposa, sobrando ainda muito para os luxos e prazeres da carne.


Trabalhei até beirar os 90 anos, lúcido e consciente de tudo que fazia.


Eu tinha pacientes fiéis que eu tinha visto nascer. Existia famílias que eu cuidada de duas ou três gerações que se misturavam e era muito feliz por isso, todos confiavam em mim.


Vivia no meio da alta sociedade e dos mais abastados. Adorava ambientes repletos de luxo e companhias famosas.


Já por outro lado, minhas duas filhas, que também se tornaram médicas, agiam completamente diferente.


Elas praticavam literalmente a caridade. Caminhando entre os mais pobres, miseráveis e atendendo a todos sem cobrar nada por isso.


Tinham uma vida boa com os salários que ganhavam nos hospitais que prestavam serviços e para elas já bastava.


As duas eram totalmente diferentes de mim e eu não concordava com isso.


Eu tentava inserir as duas nos meios mais requintados, mas elas nunca aceitaram e ainda diziam que não se sentiam bem em lugares assim.


Minha esposa, uma mulher meiga de bom coração, que havia abandonado sua carreira, para se tornar mãe e cuidar das nossas filhas, sempre deu muito apoio aos serviços comunitário das duas, demonstrando imenso orgulho pelo que as filhas haviam se tornado.


Eu também tinha orgulho delas e mesmo não precisando de mais dinheiro, não concordava com a atitude delas de deixarem de ganhar mais e ter mais poder, para ajudar os miseráveis.


Mas também não ficava cobrando nada, elas tinham conhecimento da minha posição e para mim isso já bastava, elas já eram adultas, não dependiam mais de mim e deveriam mesmo fazer as próprias escolhas.

No final, essa foi minha maior contribuição para elas.


Desencarnei aos 92 anos de idade, sendo muito amado pelas minhas filhas e pela minha esposa que também desencarnou, um ano depois.


Após meu desencarne, pude receber o carinho e o amor dos meus entes queridos que haviam partido antes de mim. Sendo recebido pelos meus pais e um dos meus dois irmãos que já havia partido 5 anos antes de mim.


Minha passagem foi tranquila, mas um pouco confusa, já que eu não tinha, em vida, nenhum conhecimento sobre a vida no plano espiritual, que eu nem acreditava que existia. Tinha lá minhas dúvidas.


Todavia, contando com o amparo dos meus familiares e as orações das minhas filhas, que já haviam se tornado duas mulheres maravilhosas de muita fé e amor no coração, minha adaptação foi rápida e logo tomei conhecimento de tudo que já havia vivido em experiências anteriores.


Fiquei muito chateado quando me lembrei do que havia me comprometido a fazer em vida, junto com minha esposa e minhas duas filhas.


Nosso projeto de fazer medicina e ajudar os mais pobres não havia sido cumprido por mim, mas sim por elas.


Elas tomaram o rumo certo e estavam cumprindo com maestria a missão delas, mas eu havia fracassado na minha, pois me deixei levar pelo dinheiro, ganância, sucesso momentâneo e principalmente pela ilusão do materialismo, ao qual me fez viver uma vida pautada no luxo e nos prazeres da carne, vivendo e usufruindo somente do hoje, sem pensar no amanhã.


Jamais, durante toda minha caminhada me importei com os mais pobres, os que passavam fome, e para falar a verdade, eu tinha até uma certa apatia pela situação vivida por eles.


Não fiz o que me condicionei a fazer e voltei ao plano espiritual sentindo uma sensação de fracasso.

Não fiz nada de ruim a ninguém, muito pelo contrário, por ser um profissional dedicado, focado e esforçado, ajudei muita gente do mundo em que eu vivia, mas não pelo prazer de auxiliar o próximo, mas sim pela fama, dinheiro, reconhecimento, sucesso, ego e vaidade.


Mas, ao mesmo tempo, não fiz nada de bom aos que me comprometi a fazer.


Ensinei as minhas filhas, com meus bons exemplos profissionais, a serem excelentes médicas e elas souberam colocar em prática tudo que aprenderam em prol do próximo, com muito amor e caridade.

Sinto sim, que fui infiel ao que planejei fazer, cumprindo somente em partes o que deveria cumprir, me deixei corromper pelas portas largas do mundo e fui feliz durante minha vida, mas hoje sofro com as culpas e os remorsos por não ter feito exatamente o que me preparei para fazer.


Com isso aprendi e espero que você que está lendo essa mensagem aprenda, é que não importa o quanto você seja inteligente, notável, diferente, fora de série ou o quanto você utilize seus dons para te favorecer, no final o que conta é o que você fez pelos outros, o quanto você conseguiu ser altruísta e praticou o amor e caridade com o que você tinha para dar.


Não importa quem você seja ou qual seja o seu dom, você pode ajudar alguém, você deve fazer alguma coisa para quem precisa, você tem que colocar em prática, ajudando o seu irmão mais necessitado, pois no final da sua vida, o que fará diferença é a diferença que você fez na vida das pessoas, que você fez pelo coletivo na marcha do progresso individual.


Pessoas passam pela sua vida, mas você só irá se lembrar das que contribuíram positivamente ou negativamente na sua caminhada, e eu me arrependo muito de não ter feito diferença na vida dos que mais necessitavam de mim e da medicina que eu praticava.


Seja diferente, faça a diferença. Utilize sua força, seu dom e seu conhecimento para auxiliar próximo, pois este é o dever de todos.


NAVEGANTES DA ESPIRITUALIDADE

(Relato Espiritual).

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