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VIVENDO ALÉM: UMA JORNADA ESPIRITUAL DE AMOR E SUPERAÇÃO

O século já é vinte e dois. Desencarnei há 8 anos, mais precisamente em 2016, ainda jovem, pleno de vida, aos meros 16 anos.


 

Tinha uma vida plena. Pais bons e amorosos dedicaram-se inteiramente a mim. Era filho único e mantinha um forte vínculo com eles. Não conhecia o medo, pois tinha a certeza de um futuro promissor ao lado de meus pais.

 

Meu pai, um renomado técnico em informática, era amplamente reconhecido e garantia uma sólida renda por meio de seus serviços especializados.

 

Minha mãe, uma enfermeira exemplar, atuava em um grande hospital na capital de São Paulo, destacando-se pelo seu comprometimento e padrão de excelência na profissão.

 

Minha formação foi de excelência. Frequentei uma escola particular durante toda a minha vida, e meu interesse pela tecnologia coincidia com o de meu pai. Eu apreciava compreender cada aspecto do que ele fazia, absorvendo conhecimento de maneira ágil e eficiente.

 

Inúmeras vezes, prestei auxílio a ele em tarefas mais simples. Nos desafios mais complexos, sempre que possível, permanecia ao seu lado, ávido por aprender e superar as dificuldades juntos.

 

Entretanto, aos 15 anos, uma sombra se insinuou em minha juventude: o surgimento de um câncer no cérebro. A cruel revelação se fez sentir quando minhas queixas de dores de cabeça intensas, enjoo persistente e a angústia da dor nos olhos começaram a ecoar, como gritos silenciosos, anunciando a presença implacável dessa doença traiçoeira. 


Os primeiros diagnósticos soavam como meras notas de sinusite e enxaqueca, mas à medida que nenhum alívio se fazia presente, e eu me via enredado em uma teia de analgésicos, o clamor por respostas tornou-se incontrolável. Foi então que, diante da persistência do desconforto, médicos buscaram a verdade oculta nos meandros da minha condição, solicitando exames de imagem para desvendar os mistérios que assombravam meu corpo. 


Na primeira tomografia, a verdade se revelou com implacável crueldade: um diagnóstico de câncer em estágio quatro. Fui tomado por atordoamento, medo e um pavor avassalador. O solo seguro em que meus pais construíam seus sonhos desabou abruptamente. Pais, criaturas que dedicam suas preocupações ao futuro radiante dos filhos, jamais imaginam-se enfrentando tais desafios sombrios. Neste instante, a realidade despedaçou as esperanças que cuidadosamente cultivavam para mim.

 

No entanto, a vida nos reservava surpresas cruéis, e em menos de um ano, encontrei meu trágico fim. Esse período foi marcado por uma dolorosa jornada, onde o tratamento impiedoso castigava mais intensamente do que a própria doença. Os médicos se empenharam incansavelmente, e meus pais esgotaram todas as possibilidades, mas nada poderia alterar o inevitável desfecho que me aguardava. O destino, impiedoso, selou meu caminho, deixando um rastro de sofrimento para aqueles que tanto me amavam. 

 

Aconteceu conforme predito, e vivi na Terra pelo tempo que se fazia necessário. Foi uma prova intensa, tanto para mim quanto para meus pais.

 

Sofreram em excesso. Minha mãe foi acometida por uma enfermidade profunda, necessitando de tratamento psiquiátrico. Hoje, sua condição melhorou, porém, jamais recuperou totalmente sua antiga vitalidade. Por outro lado, meu pai revela uma força admirável e uma consciência resiliente. Embora seja assolado pela saudade, ele opta por não deixar transparecer sua dor, zelando para que minha mãe não sucumba a um pesar ainda maior. Ele se revela um verdadeiro gigante, suportando o peso de sua própria dor para proporcionar algum alívio à mulher que tanto ama.

 

No plano espiritual, fui acolhido por minha avó, mãe do meu pai. Na Terra, tivemos poucos momentos juntos, pois ela desencarnou quando eu contava apenas oito anos. Em outras palavras, ela partiu oito anos antes de mim.


Ela era uma alma nobre e esclarecida, desapegada das coisas materiais, mesmo nutrindo um profundo amor por todos nós. Rapidamente, ela se adaptou à sua nova existência espiritual. Por essa razão, pôde me receber e oferecer seu amparo.

 

O apoio dela foi fundamental para minha rápida adaptação. Hoje, sinto a falta dos meus pais, mas mantenho diversos encontros com eles. Embora pensem que estão apenas sonhando comigo, a verdade é que, sempre que possível, utilizo do meu merecimento para estar ao lado deles.

 

À medida que nossos encontros se tornam mais frequentes, cresce exponencialmente o meu amor e a saudade de viver na Terra ao lado deles. Esses momentos são uma bênção para minha mãe, embora, na maioria das vezes, ela nem se recorde deles. Já meu pai, constantemente, recorda-se desses sonhos vívidos, nutrindo a esperança de que tenha verdadeiramente compartilhado momentos comigo e com sua mãe.

 

Hoje venho compartilhar meu relato com a intenção de evidenciar a fragilidade da vida e a importância de valorizá-la, assim como os preciosos momentos que vivenciamos.

 

Aproveitei plenamente minha oportunidade na Terra ao estabelecer uma conexão profunda com meus pais. Grande parte de minha existência foi dedicada a compartilhar momentos inesquecíveis com eles, o que me traz imensa alegria, pois essa conexão era um dos meus propósitos. Busquei a felicidade e, ao fazê-lo, também trouxe felicidade a eles, não os desapontando.

 

Agora, no plano espiritual, observo meus pais com amor e carinho, convicto de que um dia estaremos reunidos novamente. Nada ocorre por acaso, e a presença deles como meus pais não foi sem propósito. Cada experiência tem um significado e um porquê.

 

Viva sua vida com intensidade. Valorize aqueles que estão ao seu redor, especialmente os mais próximos. São essas pessoas que merecem seu amor, carinho, atenção e compaixão. Cada vínculo é uma dádiva que enriquece nossa jornada.

 

Não permita que sua partida deste mundo ou a perda de um ente querido ocorram sem que tenham se reconciliado. Independentemente das circunstâncias, é fundamental nutrir o amor entre vocês. Mesmo diante das dificuldades, reconheça que, assim como o outro pode ser desafiador, você também possui suas complexidades. O que nos distancia das pessoas são as escolhas que fazemos e as fraquezas que carregamos. Busque a compreensão mútua, pois no entendimento e na aceitação reside a verdadeira conexão.

 

Seja mais forte do que todas as adversidades e honre a Deus aproveitando plenamente a oportunidade da vida, pois esta é a sua missão. Enfrente os desafios com coragem, busque o entendimento nas experiências, e, acima de tudo, cultive o amor e a compaixão, pois é nessa jornada que encontramos o propósito divino que nos foi confiado.

 

NAVEGANTES DA ESPIRITUALIDADE.

(Relato Espiritual)

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